Aldeia Global

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Imagem retirada do Blog de Mario Matos, clique na foto para seguir ao link.

quinta-feira, 1 de abril de 2010



A Sociedade do Espetáculo

Transcrição do livro "A Sociedade do Espetáculo" (1967) de Guy Debord, publicado pela editora Contraponto em 1997.

A arte de desmascarar
“Sociedade do espe
táculo”: esta expressão já está em voga, especialmente ao se falar de televisão. No Brasil, parece se impor mais do que em outros lugares. Poucos, porém, sabem que, na origem, este era o título de um livro de Guy Debord, agora traduzido pela primeira vez no Brasil (Ed. Contraponto).

Lançado na França em 1967, A Sociedade do Espetáculo tornou-se inicialmente livro de culto da ala mais extremista do Maio de 68, em Paris; hoje é um clássico em muitos países. Em um prefácio de 1982, o autor sustentava com orgulho que o seu livro não necessitava de nenhuma correção.

O “espetáculo” de que fala Debord vai muito além da onipresença dos meios de comunicação de massa, que representam somente o seu aspecto mais visível e mais superficial. Em 221 brilhantes teses de concisão aforística e com múltiplas alusões ocultas a autores conhecidos, Debord explica que o espetáculo é uma forma de sociedade em que a vida real é pobre e fragmentária, e os indivíduos são obrigados a contemplar e a consumir passivamente as imagens de tudo o que lhes falta em sua existência real.

Têm de olhar para outros (estrelas, homens políticos etc.) que vivem em seu lugar. A realidade torna-se uma imagem, e as imagens tornam-se realidade; a unidade que falta à vida, recupera-se no plano da imagem. Enquanto a primeira fase do domínio da economia sobre a vida caracterizava-se pela notória degradação do ser em ter, no espetáculo chegou-se ao reinado soberano do aparecer. As relações entre os homens já não são mediadas apenas pelas coisas, como no fetichismo da mercadoria de que Marx falou, mas diretamente pelas imagens.

Para Debord, no entanto, a imagem não obedece a uma lógica própria, como pensam, ao contrário, os pós-modernos “a la Baudrillard”, que saquearam amplamente Debord. A imagem é uma abstração do real, e o seu predomínio, isto é, o espetáculo, significa um “tornar-se abstrato” do mundo. A abstração generalizada, porém, é uma conseqüência da sociedade capitalista da mercadoria, da qual o espetáculo é a forma mais desenvolvida. A mercadoria se baseia no valor de troca, em que todas as qualidades concretas do objeto são anuladas em favor da quantidade abstrata de dinheiro que este representa. No espetáculo, a economia, de meio que era, transformou-se em fim, a que os homens submetem-se totalmente, e a alienação social alcançou o seu ápice: o espetáculo é uma verdadeira religião terrena e material, em que o homem se crê governado por algo que, na realidade, ele próprio criou.

Nessa base, Debord condena toda a sociedade existente, não somente fraquezas individuais e imperfeições. Em 1967, Debord distinguia dois tipos de espetáculo. O “difundido” (o tipo ocidental, “democrático”) caracterizava-se pela abundância de mercadorias e por uma aparente liberdade de escolha. No espetáculo “concentrado”, ou seja, nos regimes totalitários de toda a espécie, a identificação mágica com a ideologia no poder era imposta a todos para suprir a falta de um real desenvolvimento econômico.

Toda a forma de poder espetacular justificava-se denunciando a outra; e nenhum sistema, além destes dois, devia ser imaginável. Debord, portanto, reconheceu na URSS, nada menos do que 25 anos antes de seu fim, uma forma subalterna - e destinada, enfim, a sucumbir - da sociedade da mercadoria. Mas, por um longo período, enquanto existia um proletariado inquieto, o comunismo de Estado desempenhou uma função essencial para o espetáculo ocidental: a de assegurar que os rebeldes potenciais se identificassem com a mera imagem da revolução, delegando a ação real aos Estados e aos partidos comunistas totalmente cúmplices do espetáculo ocidental; ou, então, a pressupostos revolucionários muito distantes, no Terceiro Mundo.

Debord anunciou, no entanto, o aparecimento de um movimento de contestação de tipo novo: retomando o conteúdo liberatório da arte moderna, teria como programa a revolução da vida cotidiana, a realização dos desejos oprimidos, a recusa dos partidos, dos sindicatos e de todas as outras formas de luta alienadas e hierárquicas, a abolição do dinheiro, do Estado, do trabalho e da mercadoria. Por isto, Debord sempre considerou o conteúdo profundo de 1968 como uma confirmação de suas idéias.

Teve, porém, de admitir, em Comentários Sobre a Sociedade do Espetáculo (1988), que o domínio espetacular conseguiu se aperfeiçoar e vencer todos os seus adversários; de modo que agora é a sua própria dinâmica, a sua desenfreada loucura econômica a arrastá-lo em direção à irracionalidade total e à ruína.

Os dois tipos anteriores de espetáculo deram lugar, no mundo todo, a um único tipo: o “integrado”. Sob a máscara da democracia, este remodelou totalmente a sociedade segundo a própria imagem, pretendendo que nenhuma alternativa seja sequer concebível. Nunca o poder foi mais perfeito, pois consegue falsificar tudo, desde a cerveja, o pensamento e até os próprios revolucionários. Ninguém pode verificar nada pessoalmente. Ao contrário, temos de confiar em imagens, e, como se não bastasse, imagens que outros escolheram. Para os donos da sociedade, o espetáculo integrado é muito mais conveniente do que os velhos totalitarismos. A América Latina sabe algo a respeito.

Mas Debord (1931-1994) não é apenas um dos poucos autores de inspiração marxista que hoje podem dar uma contribuição válida para a análise do capitalismo globalizado e pós-moderno. Ele também fascina por sua vida singular, sem compromissos e conforme as suas teorias.

A busca da aventura e da vida “verdadeira” esteve na base de sua vida pessoal - da qual a sua autobiografia Panegírico e os seus filmes falam -, assim como de sua teoria. Levou uma existência intencionalmente “maldita”, às margens da sociedade, sem um trabalho reconhecido, sem nenhum contato com as instituições, sem nunca ter freqüentado uma universidade, concedido uma entrevista ou participado de um congresso e, no entanto, conseguiu fazer com que fosse ouvido.

Levou adiante a sua batalha contra a sociedade espetacular exclusivamente com os meios que ele próprio criou para si: em primeiro lugar, com a Internacional Situacionista, uma pequena organização que existiu entre 1957 e 1972 e que se originou da decomposição do surrealismo parisiense e de outras experiências artísticas. Com a revista homônima e novos meios de agitação (quadrinhos, organização de escândalos), os situacionistas souberam prefigurar, muito melhor do que a esquerda “política”, as novas linhas de conflito na sociedade “da abundância”.

Entre outras coisas, criticavam impiedosamente a nova arquitetura e o vazio e o tédio do pós-guerra. Com poucas intervenções miradas, os situacionistas fizeram com que idéias subversivas - que, por volta de 1960, eram compartilhadas por um punhado de pessoas - se tornassem, em 1968 e posteriormente, um fator histórico de primeira ordem.

Os situacionistas, e particularmente Debord, distinguem-se pelo estilo inconfundível, e não somente no plano literário. Era o resultado da mistura entre um conteúdo radical - que remetia, entre outros, aos dadaístas, aos anárquicos e à vida popular parisiense - e um tom sofisticado e aristocrático, com muitas referências à cultura clássica francesa. Este estilo, assim como a sua verve polêmica, mesmo para com todos os supostos contestadores (esquerda oficial, artistas “engajados” etc.), sua inacessibilidade e a sua transgressividade nas formas, logo os cercou de um ódio significativo, mas sobretudo de uma aura de mistério. Que ainda vive, 30 anos depois: com efeito, ainda se publicam textos dos situacionistas e sobre eles, embora amiúde procurem fazê-los passar exclusivamente por última “vanguarda cultural”. Na França, ao contrário, só querem enxergar em Debord o escritor. Ainda hoje não querem perdoá-lo por ter escrito A Sociedade do Espetáculo.

Retirado de um blog,

Sensacionalismo da midia no caso Isabela?

Estava assistindo fantastico e reparei que o tempo todo se fala na tal menina lançada atraves da janela. O tempo todo se fala apenas disto, em todos os meios de comunicação.Em uma reportagem de 3minutos, noticiaram bispos marcados para morrer no Pará. Estes homen são contra o trafico de mulheres e prostituição infantil, assim como o narcotrafico e as madeireiras. Vidas são destruidas o tempo todo, crianças condenadas a uma vida de prostituição, floresta amazonica brutalmente desmatada, e a porcaria da midia gasta centenas de horas com o assassinato da menina, caso este em que ela nao ajuda nada, apenas atrapalha. Me dá nojo assistir tv, coisa que raramente faço devido a miséria cultural do país.

PS: pior q isso soh a materia com o romario que me dei o luxo de nao assistir, mas como tem "gente" q assiste a tv está fadada a mediocridade eterna.

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***** cara, 100% o que disse. Agora, o que podemos fazer? Da uma agonia em pensar que 90% do nosso povo é ignorante. Concentração de renda? Sim, e agora concentração de informação, de cultura. Nós, temos opção, internet, faculdade, biblioteca, livros. Podemos filtrar o que queremos absorver. Mas a 90 % do povo brasileiro, foi dada a possibilidade de comprarem um TV, e assim, a TV "aberta" manipula a forma de crescimento cultural brasileira. A TV aberta nacional, escolhe os presidentes desse país, cria ídolos e vilões, põe culpa e tira culpa, enfim, governa.

Logo acima temos uma teoria, e um exemplo da mesma vivenciada na prática, nos dias de hoje.
O mundo hoje em dia está se tornando cada vez mais "artificial", essa é a era da reprodutibilidade técnica, nesse conceito há uma idealização que as coisas estão perdendo sua originalidade, o mundo está perdendo a sua "aura". Os meios de comunicação estão se expandindo e, ao contrário do que se acha, estão piorando cada vez mais, perdendo totalmente sua essência fugindo das razões pelas quais foram criados. A tv por exemplo; um meio de comunicação, uma mídia, que foi criada com intuito de informar, divertir e orientar as pessoas, virou uma das mídias mais manipuladoras do mundo em que vivemos, tornando-se sensacionalista e especuladora.
Concluo que, não temos pra onde fugir, as midias estão aí, e apesar de todo o "perigo" que ela nos trazem, nos dias de hoje infelizmente não ficamos mais sem elas, esse é o nosso mundo globalizado onde a praticidade de nosso dia-a-dia, se transforma em uma arma e nós, somos os alvos.

David de Barros Maciel - 3º Semestre - Publicidade e Propaganda - RA 1890573

Referências:

http://netart.incubadora.fapesp.br/portal/midias/debord
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080420175512AAVsjcv

http://veja.abril.com.br/busca/resultado-capas.shtml?qu=2010












6 comentários:

  1. Na sociedade em que vivemos tudo acaba se tornando espetáculo, pena que até mesmo coisas trágicas, onde deviam-se respeitar a ocasião, e não tornar isso um motivo para se alavancar audiência e ganhar dinheiro. Atitude infeliz de muitos comunicadores em tornar um crime em um verdadeiro "reality show".

    By Nancy Vieira - RA: 189050-6

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  2. Fabiane Roschel disse....

    Concordo com a Nancy,é muito triste vermos um caso tão cruel sendo tranformado em um "show " só visando o dinheiro. Mas, muitos não vêem quantas "Isabelas" estão morrendo dia-dia de maneiras tão trágicas como o dela e não se importam, nem dão audiência, devido muitas vezes a família não terem dinheiro. Infelismente, até com a morte e com a dor de muitos o dinheiro fala mais alto.

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  3. O caso de Isabella que cita que foi cruel expor a menina mesmo depois de morta foi como se fosse cultucar na ferida que concordo plenamente, para mídia ela virou um espetáculo durante os 5 dias do julgamento.Mas acho que somos manipulados pela mídia, a palavra correta seria vício por algo que assistimos ou nos interessa.

    Fabiana da Silva Gomes
    RA:1940848

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  4. Concordo com vocês sobre o show que fizeram nesse caso.
    Aqui cabe uma pergunta feita a nós em sala:
    "A mídia transforma tudo em espetáculo porque o publico quer ver? Ou O publico vê porque a mídia transforma tudo em um espetáculo?"

    Débora Prioste de Castro
    RA: 1906381

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  5. Acho que o caso Isabella virou um grande "show", mas claro nos é quem somos os maiores culpados, por quê damos o maior audiência pelo fato da curiosidade.

    Por: André Dorico
    Ra: 1645862

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  6. david, boa parte de seu texto de abertura não está num blog como vc comunica aos leitores, mas no endereço netart.incubadora.fapesp.br/portal/midias/debord, que você mesma cita em suas referências. Gosto da reflexão, sua, que faz no final do texto. Você não precisava usar texto inteiro para expor o que pensa. Cuidado ao citar!
    Seu título deveria ser mais criativo. Título é como slogan: deve puxar o cliente ou leitor para aquilo que você quer informar.

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