O moldamos de acordo com a nossa vontade e, por que não dizer, para preencher um pouco o nosso ego.
Desenvolvemos visando atender e facilitar o dia-a-dia algumas vezes o inventamos bem próximo à nossa semelhança para atender as nossas necessidades. Afinal tivemos a capacidade de inventar extensões eficientes, a história comprova, tais como: a bicicleta, o carro, entre outras extensões de nosso próprio corpo.
Desde a libertação, dos riscos nas paredes da caverna, do fogo iluminando nossas faces, enfim, da descoberta, o homem carrega consigo feito amuleto os três Oni e isso faz dele um deus presente na terra (ou no mínimo ele pensa ser), em carne e osso, tangível, uma superação que ele enxerga ser maior que a do próprio Deus.
Não sou louco em criticar essa façanha, essa inquietação do homem, essa constante sede de criação. Muito pelo contrário, entretanto pretendo discutir o impacto dessas extensões no mundo. Tratarei de dois assuntos em especial: a globalização e as extensões, mas falarei com mais ênfase: no criador x criatura.
Você deve estar perguntando sobre o título.
Não me esqueci de decifrá-lo, mas me acompanhe e certamente ao desenrolar do texto, entenderá...
Prosseguindo...
Para John Zerzan, filósofo e escritor, que leva uma vida modesta e por um longo tempo sua única fonte de renda era fazer dinheiro, doando seu próprio sangue, em uma das suas críticas mais desafiadoras, sugere que as sociedades em seus trabalhos foquem o processo de origem e as conseqüências do surgimento da civilização industrial de massa, bem como a sua inerente opressão, defendendo, assim, formas
inspiradas no modo de vida das sociedades humanas pré-históricas como modelos de sociedades plenas de liberdade.
Surplus
As pessoas por dois milhões de anos não destruíram o mundo natural. Elas não tinham guerras, tinham tempo livre e tudo mais. Isso é primitivismo de uma certa maneira, afirma John Zerzan.
Ele critica massivamente as extensões, mas precisamente o consumismo (uma necessidade gerada de uma extensão, um gigante, uma invenção que faz gerar a própria necessidade), aponta os excessos da atual produção em massa e o consumo desenfreado que afligem a maioria dos países e culturas mundiais e os problemas que vêm sendo causados ao meio ambiente. John diz: "constante trabalho, constante consumo, isso é loucura". Podemos aplicar como constante criação, constante necessidade, e assim surge a pergunta: e as extensões que não servem mais
o que faremos?
Formam o corpo morto de nossos gigantes (extensões) descartáveis amontoados em pilhas mórbidas nas trincheiras do esquecimento.
Nós humanos por nossa vez corremos de mãos dadas em meio a essas extensões mortas, dançamos sobre elas (veja o Steve Ballmer, Surplus).
A única coisa que pensamos é de como será a próxima extensão, não nos preocupamos em seus restos mortais. E como isso afetará nosso ambiente, mas sim de preenchermos nossa necessidade momentânea. Talvez o homem narcotizado faça isso pensando em amplificar o novo mundo de excessos e abundância em caracterizar este mundo por consumo de necessidades cada vez maiores, para desta forma saciar infinitamente sua obsessão de criar extensões, criaturas e possibilidades.
Mais uma vez digo que não sou contra a criação de novas extensões, jamais poderia defender tal tese, pois como humano vivo criando e quando parar de criar, deixarei de ser humano. O ponto a que quero chegar e que o documentário (Surplus) que usei como complemento a minha dúvida é: qual a real necessidade de algumas criações, e depois de descartadas, qual seria o seu reaproveitamento sustentável sem danos ao meio ambiente?
Então chegamos a conclusão de que tudo é igual a nada, ainda mais quando o mesmo nos afeta diretamente.
A globalização, e assim se forma o castelo
A globalização foi um ponto forte na modificação de costumes primitivos das culturas locais. Nela está inserida a tecnologia e a economia que parte da troca de produtos e de conhecimentos. Com isso, a modificação no estilo de vida das pessoas existirá sempre.
Quilombolas, indígenas, urbanos, todos já são beneficiários da globalização em formas diferentes, com a tecnologia, a televisão, rádio, telefone e internet a informação chega a todos.
Poderia citar vários exemplos de algo globalizado, porém me valerei da ficção para identificar a globalização espetacular de um produto, acho que talvez vocês não conheçam o "Big Mac".
Vejamos o exemplo de Mariazinha, cubana, aos seus 23 anos foi a Europa pela primeira vez, passear com um amigo. Mariazinha conheceu supermercados, shoppings, lugares onde nunca tinha estado, (e quando falo isso não é simplesmente o fato de ela nunca ter ido a Europa mas sim dessa imensidão de produtos), nunca havia entendido em sua totalidade, ou melhor, em sua amplitude de possibilidades.
Boquiaberta diante desse mundo desconhecido até então não quis saber de comer arroz, feijão ou qualquer outro tipo de comida, que não fosse o famoso, suculento e grande "Big Mac", ver seu sonho se tornar realidade com um controle na mão trocando os inúmeros canais de TV e devorando vorazmente seu sanduíche especial, uma experiência única.
Ao voltar a Cuba, falou sobre a viagem e seus olhos saltitavam, após tudo nunca mais será a mesma. Não irá mais se contentar com a vida que levava, isso atingirá certamente seu modo de vida daqui pra frente, sabemos que em seu país não é permitido vinculações de publicidades, propagandas comerciais, empresas estrangeiras, mesmo assim já é possível enxergar pequenas aberturas em Cuba para novas inserções, ou “ameaças”.
Isso só comprova que cada vez mais as grandes empresas, com uso das mídias, espetacularizam seus produtos de tal forma, que os tornam quase ou por muitas vezes irresistíveis, influenciando na cultura, costumes e até mesmo na alimentação.
Material de apoio:
SURPLUS (Documentário 2003)
http://video.google.com/videoplay?docid=-7400393743229742503#
Longe de ser apenas uma crítica ao consumismo ou a sistemas políticos, Surplus, documentário sueco, dirigido pelo italiano Erik Gandini em 2003, é um olhar sobre o jeito de ser e de viver da humanidade. Largamente divulgado pela Internet, este trabalho coloca em discussão não apenas a vida em sociedade e a ordem estabelecida, como também a própria essência humana.
Referências:
http://www.cineplayers.com/critica.php?id=1453
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/03/347447.shtml
Imagens:
http://jmarceloalves.carbonmade.com/projects/2550663#6
Autor: José Marcelo G Alves
RA: 1446011
Realmente os nossos hábitos vão se modificando com o passar do tempo. Esta mudança no espaço remete automaticamente a uma mudança em nós mesmos. Seja na alimentação, vestuário, crenças... tudo! Afinal, fazemos parte do espaço, SOMOS o espaço. Sendo assim a tendência é de que consumiremos cada vez mais, pois este é o momento da sociedade, o consumismo desenfreado. De fato não tem volta, uma criação (extensão) vai levar a necessidade de outras e mais outras.
ResponderExcluirE esta era do vazio, onde filosoficamente tudo = nada, toda informação que possuímos gera este caos, o nada! Esta era, essa atribuição de significados que damos são frutos de nós mesmos, afinal só nós homens possuímos esta capacidade de dar significado as coisas. Pois somos nós mesmos os criadores, e as coisas nossas criaturas. Todas nossas criações são resultado de nossas necessidades. A questão é: as nossas coisas/criações nos fazem criar sempre mais e melhores que as anteriores, são as criaturas das criaturas e elas mesmas geram a nossa era/momento do excesso. De fato elas nos narcotizam e são para a nossa grande vontade de certa forma de sermos como Deus. Este é o desejo incansável dos homens, sempre criar e quando não mais fazerem, deixarão de ser homens.
Nancy Vieira - RA:189050-6
Caro:
ResponderExcluirSENSACIONAL! Continue estudando, se aperfeiçoando e pensando o mundo.
Parabéns por seus desenhos. São ótimos!Fui lá xeretar seu site....rs
Celo, não sabia que vc além de ser ótimo em artes era filósofo!! A necessidade é a mãe da criação, talvez por isso ela nos seja tão bem vinda. O problema é que diante do bombardeio de "criaturas", ficamos perdidos a ponto de acreditar que não podemos viver sem elas ou loucos por não adquiri-las...
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